Plano de pautar o projeto foi uma das justificativas de Bolsonaro para apoiar os atuais presidentes da Câmara e do Senado

Presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso; o presidente da Câmara, Hugo Motta; e presidente do Senado, Davi Alcolumbre (Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)
Contrariando as expectativas ventiladas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, a oposição não aproveitou a ausência dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), e do Senado, Davi Alcolumbre (União), para pautar o Projeto de Lei (PL) da Anistia, que busca perdoar os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Ambos os parlamentares estavam em viagem oficial ao Japão, acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas, mesmo com a oportunidade, o tema não avançou no Congresso.
Agora, com o retorno de Motta e Alcolumbre, o presidente da Câmara sinaliza que não deve ceder às pressões da ala bolsonarista para colocar o projeto em votação, conforme reportado pela CNN Brasil.
Bolsonaro havia indicado que o apoio aos atuais presidentes da Câmara e do Senado se justificava, entre outros motivos, pela chance de a oposição aproveitar a ausência dos presidentes das Casas Legislativas para acelerar a tramitação do PL da Anistia.
Ele chegou a afirmar que o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL), poderia pautar a matéria durante a viagem de Motta, uma possibilidade levantada como parte das negociações para o apoio do PL às candidaturas de Motta e Alcolumbre.
No entanto, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL), descartou essa estratégia. Em pronunciamento recente, Cavalcante afirmou que nada seria feito sem o aval de Motta, reforçando que o objetivo da bancada é votar o projeto a partir de 8 de abril, mas apenas com o consentimento do presidente da Casa.
Com a volta de Hugo Motta ao Brasil nesta semana, o cenário se torna ainda mais desfavorável aos defensores da anistia.
Segundo informações da CNN Brasil, Motta indicou a deputados aliados que não cederá à pressão para pautar o projeto neste momento.
Ele avalia que o tema, além de polêmico, não conta com consenso suficiente entre os líderes partidários, o que poderia gerar instabilidade em seu mandato e atritos com o Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo julgamento dos envolvidos no 8 de janeiro.
Essa posição foi reforçada em conversas reservadas, nas quais Motta teria destacado a necessidade de “serenidade” e “imparcialidade” ao tratar da questão, sem se comprometer com um calendário para a votação.
No Senado, Davi Alcolumbre mantém uma postura semelhante. Desde o início de seu mandato como presidente da Casa, em fevereiro, ele tem reiterado que a anistia “não é prioridade” para o Parlamento ou para os brasileiros, priorizando uma agenda de “pacificação”.
Parlamentares aliados de Alcolumbre avaliam que, mesmo que o projeto avance na Câmara, dificilmente será pautado no Senado, representando um obstáculo adicional para a oposição.
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