Jake Angeli compartilha sua experiência durante a invasão ao Capitólio e reflete sobre as forças que, segundo ele, influenciam o cenário político atual

McNamee/Getty Images
Entre as muitas imagens marcantes da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, uma em particular se tornou símbolo daquele dia: um homem sem camisa, com o rosto pintado e um cocar de pele com chifres, caminhando pelos corredores do Congresso americano.
Jake Angeli ou "Xamã QAnon", como ficou mais conhecido, já havia participado de diversas manifestações antes de se tornar um dos rostos mais emblemáticos daquele episódio.
Natural do Arizona, Jacob Chansley — seu nome de batismo — tem 37 anos e serviu na Marinha antes de seguir uma trajetória espiritual e política que o levou ao centro de um dos momentos mais controversos da história recente dos Estados Unidos.
Preso após a invasão, ele foi condenado a 41 meses de detenção e passou por desafios dentro da prisão, incluindo a luta para manter uma dieta baseada em suas crenças.
Sua mãe, Martha Chansley, relatou que, por longos períodos, ele simplesmente não teve o que comer.
No dia 20 de janeiro, com o início de seu segundo mandato, Donald Trump concedeu perdão presidencial a quase todos os envolvidos nos eventos de 6 de janeiro, incluindo Angeli.
Agora, em liberdade, ele reflete sobre sua trajetória e os eventos que moldaram sua visão de mundo.
Nesta entrevista exclusiva, a primeira concedida a uma jornalista brasileira, ele fala sobre sua experiência na prisão, as batalhas que travou, sua fé e suas convicções.
“A tirania não resiste à luz da verdade”, afirma, ao defender que a resistência é a única forma de mudar um sistema que, segundo ele, está ruindo.
Para Angeli, a luta cultural nos Estados Unidos já foi decidida — e a "cultura woke" perdeu.
Com opiniões fortes sobre política, religião e liberdade, Angeli não se furta a analisar também o cenário brasileiro.
“Vocês precisam se autogovernar e transformar esse governo corrupto em uma piada obsoleta.”
Esta é a visão de quem esteve no olho do furacão e acredita que o momento atual é um divisor de águas.
Fernanda Salles: Como membro da Marinha, você acredita que há influência ideológica de grupos esquerdistas dentro das Forças Armadas dos Estados Unidos?
Sim. Isso foi, na verdade, uma das estratégias utilizadas pela URSS e pela Campanha de Subversão Ideológica de que Yuri Bezmenov falou nos anos 1980.
Fernanda Salles: Qual foi sua experiência em 6 de janeiro de 2021? Você tinha ideia do que estava prestes a acontecer?
Eu não tinha ideia do que ia acontecer. Quando a polícia disparou gás lacrimogêneo, granadas de concussão e balas de borracha na multidão, tudo virou um caos.
Fernanda Salles: Quanto tempo você ficou preso? Poderia compartilhar alguma experiência significativa desse período?
Fiquei preso por 27 meses no total. Desses, 10,5 meses foram em confinamento solitário. A coisa mais significativa que posso compartilhar sobre esse tempo é que senti Deus ao meu lado CADA PASSO DO CAMINHO.
Fernanda Salles: Na sua opinião, Donald Trump tem a capacidade de reverter a agenda "woke" nos Estados Unidos?
A cultura "woke" já perdeu a guerra cultural. Não é algo que Trump tenha feito sozinho, Trump representa TODOS NÓS e nosso desejo de uma MUDANÇA REAL!
Fernanda Salles: Como você vê essa situação no Brasil atualmente com Lula da Silva no poder?
A China e os globalistas são responsáveis pela situação atual do Brasil. Ambas as entidades estão falhando e perdendo. Acho que é só uma questão de tempo até o Brasil ser LIVRE... Como a América ou a Argentina.
Fernanda Salles: Qual sua avaliação sobre a administração de Joe Biden?
É um exemplo perfeito do porquê devemos sempre permanecer vigilantes se quisermos continuar livres e prósperos!
Fernanda Salles: Você se considera conservador? Quais valores, na sua opinião, são mais essenciais para o futuro da América?
Eu não me considero conservador. Se tivesse que colocar um rótulo nas minhas crenças políticas, me alinharia mais com o Libertarianismo. O futuro da América é brilhante, desde que o povo americano continue VIGILANTE e EDUCADO. Se voltarmos aos velhos padrões de apatia e preguiça, certamente vamos cair.
Fernanda Salles: Há teorias que sugerem que os guardas do Capitólio facilitaram a entrada dos manifestantes. O que você pode dizer sobre isso?
Eu ouvi sobre isso. Até vi alguns vídeos deles deixando as pessoas entrarem no prédio. No entanto, eu entrei no prédio por portas que haviam sido arrombadas de dentro por pessoas que invadiram o Capitólio. Então minha entrada no prédio FOI ILEGAL, mas minhas intenções eram parar o vandalismo, a violência e o roubo. Foi por isso que ofereci ajuda à polícia no Senado e por isso estava sendo escoltado pelo prédio.
Fernanda Salles: Além de Ashli Babbitt, outras quatro pessoas morreram naquele dia. Você chegou a ser agredido durante a invasão? E, em relação às vítimas, havia algum vínculo pessoal com elas?
Não, não fui agredido e não conhecia nenhuma das vítimas. Meu coração está com aqueles que foram tão tragicamente afetados por esse evento.
Fernanda Salles: O que você diria para os brasileiros que querem se libertar do governo de Lula da Silva?
Satanás raciocina como um homem, mas Deus pensa na eternidade. Vai levar tempo e um número suficiente de pessoas se unindo e adotando a não-violência e o não-compromisso para enfrentar a tirania.
Esse é o caminho mais rápido porque é o caminho mais certo. Vocês precisam se autogovernar e, assim, transformar seu governo corrupto em uma piada obsoleta.
Votem contra a tirania com seu tempo, sua atenção e seu dinheiro — todos os dias! Não vai demorar muito depois disso. Quando um número suficiente de vocês se unir de coração e mente em um não-compromisso pacífico com o mal, ele perderá todo o seu poder.
O mal só existe enquanto as pessoas têm medo.
Medo significa "evidências falsas parecendo reais". Supere o medo e desafie o sistema com resistência pacífica. Veja o que acontece. Mas, se vocês recorrerem à violência ou permitirem que seu governo crie a ilusão de que vocês são violentos, terão começado a perder a guerra cultural.
Escolham uma estratégia de não-compromisso e não-violência que seja altamente visível e provocativa, mas mantenham-se firmes na paz — especialmente quando a violência for usada contra vocês por se recusarem a obedecer à tirania. E garantam que tudo seja transmitido ao vivo e divulgado na internet!
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